Adorei o texto de um amigo e adorei, sobretudo, o puxão de orelha pra nossa realidade. Aliás que me identifiquei bastante com ele! Graças a Deus eu sei reconhecer algumas coisas importantes nessa vida... como o contato, o toque, a pele, os sorrisos verdadeiros que revigoram. Adoro recebê-los e adoro sorrir pras pessoas, verdadeiramente. Mas o que vejo é que, enquanto seres humanos, estamos empobrecidos de repertório social... nem "bom dia" existe mais para alguns; não como antes. Reclamamos da vida, achamos que viver é algo custoso. Só que nos esquecemos das coisas mais simples e rendemo-nos ao sistema, vivendo como máquinas - máquinas produtoras ou meramente reprodutoras. Mas toda máquina tem seu prazo de validade: mesmo que seja bem cuidada, ela quebra, enferruja. E aí que nos rendemos, sobretudo, a uma cápsula ilusória do mundo tecnológico e virtual e colocamos a ciência a frente de Deus. E não estou aqui querendo discutir religião. O seu Deus pode ser o Sol, pode ser o céu, pode ser um deus qualquer que te dê algum norte; porque convenhamos, precisamos de um. Só que é muito mais fácil rendermo-nos ao sistema, agirmos como máquinas que contam com respostas prontas e factuais, do que nos constituirmos enquanto SERES HUMANOS refutáveis. Sim, refutáveis!! Nunca estamos prontos, pelo contrário, mudamos a cada dia, adquirimos conhecimento e bagagem a cada vivência. E quando falo de repertório social empobrecido, é disso que estou falando. Temos máquinas que pensam por nós, que fazem por nós e que apresentam verdades prontas – permitimo-nos máquinas. Antes pensávamos que a nossa existência se resumia à busca de sentidos, mas hoje queremos os sentidos prontos, já fazendo sentido. Não nos permitimos abertura para a vida, não nos permitirmos relacionarmo-nos com o outro, não nos permitimos sofrer. Queremos uma felicidade pronta, da qual não partilhamos sua construção, só o resultado, que muitas vezes vem com efeitos colaterais inimagináveis, e aí sim que digo que é custoso viver. E adoecemos e adoecemos e não entendemos o porque. E daí vamos atrás de solução para os nossos problemas e culpamos o próximo, culpamos Deus, culpamos nós mesmos por não darmos conta de viver, mas não entendemos que somos os grandes responsáveis por isso. A angústia não existe à toa, faz parte da existência. É no relacionamento, seja ele com a natureza ou com as pessoas, que nos constituímos de fato, que abrimos a porta para a felicidade e tornamos a vida mais leve. E é exatamente por isso, por me deixar afetar pelo o que realmente importa, que me questiono e busco ser uma pessoa melhor, busco cuidar de mim, trabalhar minhas potencialidades e aperceber o mundo de maneira a permitir-me, de maneira a também afetar o outro e ajudá-lo na sua construção. O mundo não deveria ser aquisição, deveria ser troca. Obrigada por me afetar, Pedrinho! Tenha um bom dia!
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